Tudo sobre o hímen: crenças e anatomia

O hímen não é indicativo de que a pessoa é virgem ou não
BLOG OMENS / Sexualidade
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Escrito por

Caio Vega

Dr. João Arthur Brunhara Alves Barbosa
Revisado por

Dr. João Brunhara

CRMSP 161.642
Última atualização

12 de novembro 2022

A presença do hímen intacto é o sinal da manutenção da virgindade para muitas culturas conservadoras. E essa noção de virgindade, nessas culturas, está intimamente ligada ao orgulho e à honra feminina.

As consequências dessas crenças são múltiplas para as jovens mulheres, que sofrem os preconceitos da manutenção de um hímen “virgem”.

No entanto, o hímen de uma mulher está, na maioria dos casos, apenas parcialmente fechado e não é necessariamente a penetração que irá alargar o seu orifício. Ele NÃO é, portanto, um indicador de virgindade.

Crenças sobre o hímen


O hímen é uma membrana fina que fecha parcialmente a abertura vaginal externa.

Ainda hoje existem muitos mitos sobre a sua anatomia. Esses mitos se baseiam principalmente em crenças religiosas e na falta de conhecimentos científicos.

Nas culturas conservadoras, acredita-se que o hímen representa a virgindade enquanto ele não estiver “rompido”. Uma moça deve mantê-lo intacto até o casamento. Se uma mulher não for virgem na sua noite de núpcias, ela trará vergonha e desonra à sua família.

Alguns membros de famílias conservadoras chegam até mesmo a cometer crimes contra essas mulheres. O marido pode, por exemplo, decidir matar a sua esposa se não ver qualquer sangramento após o sexo com penetração. Por esse motivo, é comum entender o sangramento como uma prova tradicional da virgindade.

Esse desconhecimento da estrutura do hímen pode, portanto, conduzir à violência e aos chamados “crimes em nome da honra”. E, falando nisso, nunca é demais lembrar que, no nosso país, o Supremo Tribunal Federal oficialmente baniu de vez a narrativa de crimes em nome da honra: trata-se de crimes hediondos, julgados com todo o rigor da lei.

Problemas psicológicos e, às vezes, até pensamentos suicidas, também podem acometer essas mulheres.

O papel do médico é essencial para explicar como funcionam os órgãos sexuais: o profissional deve estar familiarizado com as condições normais da pré-puberdade, com a anatomia genital feminina e a estrutura do hímen.

Himeneu, o deus do casamento

O termo hímen remete à mitologia grega clássica e ao deus do casamento, Himeneu (ou Hymenaeus).

O conceito do hímen tem crescido nas culturas ocidentais desde a época em que se esperava que as mulheres permanecessem virgens antes do casamento.

Nos tempos modernos, alguns países estão finalmente mudando a sua visão sobre essa membrana.

Na cultura islâmica, esse conceito é ainda hoje predominante, assim como em outras culturas conservadoras: a presença de um hímen sem ruptura é supostamente uma garantia de virgindade e honra para a família.

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O que diz a ciência hoje em dia?


O hímen é uma membrana fina (mucosa) que fecha parcialmente o orifício vaginal. Ele é um resíduo embrionário, proveniente do seio urogenital.

Além disso, dependendo da mulher, a sua forma varia.

Durante a puberdade, a sua elasticidade aumenta, de modo que a penetração é possível (na masturbação, com absorvente interno, pênis, etc.) sem ruptura e sem sangramento.

O hímen não pode, portanto, ser uma indicação real de virgindade: em algumas mulheres, mesmo a penetração não o rompe completamente. Do mesmo modo, o sangramento não é uma regra.

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Anatomia


O hímen é uma camada fina, uma membrana mucosa, localizada na abertura vaginal. É aberto (mais uma vez, isso pode ocorrer de várias formas nas mulheres) para permitir a evacuação da menstruação.

A sua abertura varia em diâmetro: pode ser o diâmetro de uma cabeça de agulha ou de um a dois dedos. Porém, em algumas mulheres, a abertura é perfurada por vários pequenos buracos.

A sua constituição varia muito de uma mulher para outra.

Ao nascer, o hímen tem geralmente forma de anel, de meia-lua ou côncava.

Qual o tamanho do hímen?

Os primeiros estudos que avaliaram o tamanho normal do hímen em moças na pré-puberdade concentraram-se no tamanho da abertura.

O diâmetro da abertura transversal também foi um dos indicadores frequentemente utilizados para diagnosticar abuso sexual.

No entanto, o tamanho normal do diâmetro do hímen não está claramente determinado: alguns estudos sugerem que um diâmetro superior a 4 mm é muito grande e um sinal de abuso sexual infantil. Outros sugerem que esse diâmetro pode ser de 8 mm na ausência de qualquer violência sexual.

Essas confusões sobre os valores “padrões” dos diâmetros de abertura do hímen levaram outros médicos a se concentrarem no tamanho do tecido da membrana.

A quantidade de tecido presente entre a borda do hímen e o orifício da vagina em mulheres jovens parece ter pelo menos 1,0 mm de largura. Mas esses valores diferem em função da idade, do tipo de hímen, da posição do exame e do estado de relaxamento da pessoa examinada.

A estrutura do hímen

O hímen é composto principalmente por tecido conjuntivo elástico e colágeno, coberto nos dois lados por um epitélio escamoso estratificado.

Trata-se de um tecido constituído por células (justapostas ou unidas), sem a presença de fibras ou outras substâncias.

Também não há vestígios de queratina (uma família de proteínas utilizadas como elemento estrutural).

Além disso, o epitélio é mais espesso na borda do hímen. Quanto às fibras nervosas, elas estão presentes apenas nas bordas.

Além disso, ele não possui mais células nervosas e também não há qualquer vestígio de elementos musculares ou glandulares. Como ele não é vascularizado, é pouco provável que sangre muito, mesmo que seja rompido.

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Mudanças relacionadas à idade


Embora não haja diferença significativa na configuração do hímen por etnia, há sempre grandes alterações relacionadas à idade.

Nas recém-nascidas, o hímen é vascular e o epitélio é bastante espesso. Durante a pré-puberdade, e devido à falta de estrogênio, o tecido himenial torna-se fino e quebradiço. Portanto, não se observa qualquer elasticidade antes da puberdade.

Durante a puberdade, torna-se maleável e mais espesso. A outra tendência é que ele se desenvolva melhor nesse período.

Ele se torna mais elástico. Uma adolescente sexualmente ativa, por isso, não apresentará necessariamente alguma dor ou observará qualquer rompimento ao fazer sexo com penetração.

Durante a gravidez, o epitélio do hímen engrossa ainda mais e torna-se muito rico em glicogênio. 

Por fim, na menopausa, o epitélio torna-se fino, devido à privação de estrogênio.

Funções


O hímen não tem nenhuma função biológica conhecida e o seu rompimento não tem consequências médicas.

No entanto, as suas consequências psicológicas (e significado cultural como sinal de virgindade feminina) são importantes – como dissemos, em muitas sociedades, a virgindade das futuras esposas com um hímen intacto é fortemente desejada e até mesmo exigida.

Outra hipótese para a função do hímen é que ele protege a vagina da contaminação por material fecal e de outros agentes patológicos, principalmente no início da vida.

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A ruptura do hímen


Normalmente se rompe o hímen durante as relações sexuais. Percebe-se essa ruptura com exames de imagem através de margens irregulares e estreitas na abertura da membrana, mas, com o tempo, elas parecem suavizar.

Na maioria dos casos, a penetração não resulta em danos visíveis aos tecidos. Portanto, o hímen cicatriza completamente.

A comunidade médica concorda que o sangramento do hímen durante o seu rompimento não é nenhuma regra.

Outras causas de ruptura do hímen podem incluir:

  • inserção de objetos (como absorventes internos, os “O.B.”) e dedos na vagina
  • atividades esportivas intensas
  • procedimentos cirúrgicos e quedas em objetos cortantes

Reconstrução do hímen


A reconstrução do hímen (himenoplastia) é um procedimento para restaurar a sua capacidade de sangrar durante a relação sexual, principalmente na noite de núpcias.

Essa cirurgia é indicada em algumas sociedades para proteger a mulher de retaliações violentas.

A himenoplastia também é às vezes necessária em vítimas de estupro.

Essa operação é normalmente realizada na véspera do casamento. Consiste em aproximar as bordas livres do hímen, utilizando suturas finas e absorvíveis, para obter uma obstrução parcial do canal.

Se os resíduos do hímen forem insuficientes, pode-se dobrar uma pequena borda da mucosa vaginal.

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A questão da virgindade e da castidade


A virgindade define o fato de nunca se ter tido relações sexuais.

É possível observar que a própria descrição de “virgem” mostra preconceito e uma pretensa subordinação das mulheres aos homens: o termo latino virgine combina a palavra vir, que significa “homem”, e genere, que significa “gerar” ou “procriar”.

Além disso, as religiões judaica, cristã e muçulmana atribuem todas uma importância considerável à virgindade antes do casamento.

Por outro lado, na realidade, a virgindade é mais um estado psicológico do que um resultado físico de um hímen intacto, já que alguns hímens são suficientemente elásticos para permitir a penetração sem que eles se rompam.

Conclusões


As concepções de virgindade carregam muitos mal-entendidos. Embora as jovens saibam sobre a menstruação, muitas desconhecem que o hímen é naturalmente aberto para a saída dela.

Além disso, muitas vezes é a penetração violenta do pênis que resulta em pequenas lacerações da parede vaginal (em vez do hímen), o responsável por manchar lençóis de sangue.

O hímen é um fino remanescente embrionário, que se fecha parcialmente para proteger o orifício vaginal e não é uma indicação precisa de virgindade.

Às vezes, o hímen é rompido durante as relações sexuais… Mas alguns hímens são elásticos, o que torna possível ter relações sexuais vaginais sem lesões nessa membrana. Ao mesmo tempo, ele pode ser rompido acidentalmente com o uso de absorventes internos ou por exercícios físicos intensos.

Referências


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