No meio médico, chamamos a falta de desejo de transtorno de desejo sexual hipoativo. Essa condição relacionada à libido (às vezes associada a uma “aversão ao sexo”) afeta tanto homens como mulheres.
Assim, o nosso objetivo nesse artigo será definir claramente a perda de desejo. Isso porque a “falta” de desejo não é necessariamente patológica e irá depender do período de vida, da situação, do contexto ou do parceiro ou parceira. Por isso, é importante especificar a natureza do diagnóstico e os possíveis tratamentos.
A Omens esclarecerá tudo sobre o tratamento dessa condição.
Há duas perturbações do desejo sexual listadas na literatura científica e no Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais – Quinta Edição:
O Transtorno de Desejo Sexual Hipoativo e o Transtorno de Aversão Sexual.
Define-se o Transtorno de Desejo Sexual Hipoativo é definido como “a permanência de fantasias sexuais e a deficiência de desejo pela atividade sexual”
É interessante notar nessa definição o fato de que a pessoa possui alguma relação com o sexo: apenas o desejo que é deficiente ou ausente.
É, portanto, essa noção de disparidade e sofrimento do paciente que permite ao médico estabelecer um diagnóstico.
Com a ajuda do seu paciente, o profissional terá de identificar a falta de desejo sexual (libido), levando em conta fatores que podem afetar o funcionamento sexual: a idade e o contexto de vida da pessoa, por exemplo.
No nosso 19º episódio do Omenscast, o médico urologista João Brunhara vai esclarecer todas suas dúvidas sobre a falta de apetite sexual: o que é normal ou não e quais as causas e soluções. A transcrição do áudio você poderá encontrar aqui.
A aversão sexual é definida como uma “aversão extrema, persistente ou recorrente, e a fuga de todo (ou quase todo) contato sexual ou genital com um parceiro”.
Determina-se o grau da aversão de acordo com o seu início e frequência:
Por fim, para que um paciente seja diagnosticado com uma condição como essas (ou uma disfunção sexual), deve haver um problema psicofisiológico envolvido. Assim, o problema deve causar uma angústia forte e/ou dificuldades interpessoais.
Além disso, um detalhe importante: o transtorno deve ser diferenciado de um problema sexual induzido por uma determinada substância ou condição médica.
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A frequência ou o período de tempo em que o transtorno de desejo apareceu pode ajudar o médico a compreender o problema.
Por exemplo, se o problema sexual sempre existiu ou não, se é generalizado ou situacional, as origens do problema não serão as mesmas.
Uma alteração no desejo ou uma aversão sexual que sempre existiu (durante toda a vida) geralmente é por conta de:
Por outro lado, as dificuldades em uma nova relação podem levar a um problema de libido adquirido ou situacional: isso ocorre após um período sem dificuldades em particular (transtorno adquirido) ou dependendo da situação (transtorno situacional).
A testosterona é o principal hormônio masculino, responsável pelo funcionamento de muitas partes do corpo do homem, inclusive a libido. Mas, uma vez ou outra, você pode estar com sua testosterona alta ou mesmo com a testosterona baixa. Aliás, quando a testosterona está baixa, você sabe quais são os sintomas e como aumentar? O Dr. João Brunhara explica melhor nesse vídeo!
O diagnóstico médico visará determinar se a falta de desejo está relacionada a fatores patológicos (doenças, problemas psiquiátricos, etc.) e/ou a tratamentos.
No entanto, existem muitos problemas interpessoais envolvidos ou que envolvem uma combinação de fatores. Por isso, é importante obter o diagnóstico correto para o melhor tratamento.
A redução da libido também tem sido frequentemente observada em associação com muitas doenças psiquiátricas, incluindo esquizofrenia e depressão grave.
Dentre os medicamentos psiquiátricos que podem causar queda na libido estão várias classes de antidepressivos, por exemplo:
Portanto, é necessário um check-up completo ao tratar de uma alteração no desejo sexual, a fim de excluir uma causa clínica ou um possível tratamento que entre em conflito com a libido.
Esse exame requer, na maioria dos casos, testes laboratoriais (a fim de controlar, em particular, os níveis de testosterona).
Dentre as muitas condições clínicas que podem afetar a libido, estão: diabetes, deficiência de testosterona, condições que afetam a tireóide, doença de Addison, doença de Cushing, lesões no lóbulo temporal, menopausa, doenças coronárias, insuficiência cardíaca, insuficiência renal, acidentes vasculares cerebrais, HIV.
Além disso, é importante lembrar que o envelhecimento natural pode reduzir o desejo sexual.
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A psicoterapia é uma abordagem comum para compreender e tratar o transtorno de desejo sexual.
A disfunção sexual é frequentemente causada por conflitos inconscientes não resolvidos. O tratamento se concentra, portanto, na conscientização do paciente sobre esses conflitos e o impacto deles na sua vida.
No entanto, a psicoterapia por si só pode não ser o suficiente. Dessa forma, é importante combiná-la com outras abordagens.
A terapia de casal, aliás, é outra metodologia interessante que tem provado apresentar bons resultados. A relação será tratada como um todo, e o problema sexual entendido como um aspecto da relação conjugal.
O objetivo desta abordagem é o restabelecimento de uma comunicação transparente entre os parceiros.
O terapeuta atribui tarefas ao casal, e os resultados são discutidos na sessão seguinte. Assim, o casal progride em suas relações sexuais com o encorajamento de diversificar as próprias práticas, sem se preocuparem muito em atingir o orgasmo necessariamente.
Essa abordagem é utilizada para tratar a ansiedade, depressão e outros distúrbios psicológicos. O objetivo é que assim o paciente compreenda os mecanismos que conduzem a pensamentos automáticos negativos.
Esses pensamentos negativos conduzem a sentimentos negativos e depois a comportamentos dissonantes.
É necessário reformular crenças falsas e irracionais através do contato com o terapeuta.
O paciente terá de se concentrar nos seus pensamentos negativos, expectativas irrealistas e no comportamento do parceiro ou parceira. Afinal, o outro também pode ser responsável pela perda de desejo, especialmente se o estímulo físico for insuficiente ou inadequado.
Geralmente, a terapia envolve o casal – ainda que indiretamente.
A ciência analisou vários hormônios para o tratamento de transtornos do desejo. Por exemplo, a reposição de hormônios andrógenos é um possível tratamento para o transtorno de desejo sexual hipoativo.
Em alguns pacientes com hipogonadismo (uma variação no desenvolvimento sexual resultante da perda da função nos ovários ou testículos), a reposição de andrógenos exógenos afeta:
Infelizmente, as provas da eficácia da testosterona nos homens com transtorno do desejo sexual são contraditórias. Alguns estudos não mostraram qualquer benefício, enquanto outros estudos mostraram melhoras nos casos.
Por exemplo, um estudo de O’Carroll e Bancroft (ver na sessão Referências) mostrou que as injeções de testosterona eram eficazes para se obter um maior interesse sexual. mas infelizmente isso não refletiu em uma melhoria na vontade de realizar atividades sexuais.
Existem também muitos efeitos secundários da terapia de reposição de andrógenos. Nas mulheres, a suplementação de testosterona pode causar:
Nos homens, os efeitos secundários incluem:
O envelhecimento humano traz várias mudanças… Para o homem, uma das mais citadas é a andropausa: mas ela existe mesmo? O que é e quais são os sintomas da andropausa? E os outros fatores relacionados ao envelhecimento, como uma testosterona baixa e problemas de ereção (disfunção erétil)?
Nesse vídeo, o Dr. João Brunhara explica melhor algumas dessas questões, para que nós todos tenhamos um envelhecimento saudável!
Alguns medicamentos podem ser utilizados para aumentar o desejo devido aos seus perfis receptores.
Por exemplo, a anfetamina e o metilfenidato podem aumentar o desejo sexual através do aumento na liberação de dopamina.
Sabemos que a bupropiona (um inibidor de recaptação de norepinefrina e dopamina) aumenta a libido.
Há séculos os países árabes utilizam o âmbar (um importante constituinte do âmbar cinza) para aumentar a libido. A ambreína (molécula que constitui o âmbar cinza) contém álcool triterpeno e aumenta a concentração de vários hormônios, incluindo a testosterona.
Outros utilizam a pele e as glândulas do sapo comum (Bufo Spinosus), que contêm bufotenina (e outros bufadienolides), uma forma alucinógena da serotonina.
Usa-se o ginseng (Panax ginseng) há muito tempo na medicina tradicional chinesa como um estimulante sexual. Ele é um poderoso antioxidante, melhorando a síntese de óxido nítrico no endotélio dos corpos cavernosos do pênis.
Finalmente, diz-se que a cantárida (preparo conhecido como “mosca espanhola”) estimula a sexualidade e aumenta o prazer sexual.
Podemos citar as seguintes:
Por fim, podemos mencionar alimentos mais comuns, mas que também podem trazer benefícios, se adicionados com moderação e regularidade na dieta:
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Se você quer “impulsionar” a sua libido, as nossas últimas dicas podem ser esclarecedoras, então aí vão alguns conselhos:
O consumo excessivo de álcool leva a uma redução a longo prazo do fluxo sanguíneo no pênis e aumenta o risco de disfunção erétil. Em geral, qualquer coisa que não seja boa para o coração não é boa para a sexualidade – principalmente para a ereção.
Além disso, o acúmulo de gordura na região abdominal tem a tendência de transformar a testosterona em estrogênio.
O excesso de açúcar (um estudo recente aponta alimentos como pipocas, bebidas gasosas, refrigerantes, etc.) oferecem grandes desvantagens para a libido.
Dicas:
Essas práticas simples e naturais favorecem a libido e ajudam a mantê-la.
No entanto, e como detalhamos em todo nosso artigo, a falta ou ausência de desejo pode ter muitas causas: se isso prejudica a sua sexualidade, recomendamos que obtenha um diagnóstico completo com um médico especializado.
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