Quando a terapia hormonal é necessária?

A terapia de reposição hormonal é um tratamento aplicado de diversas maneiras para homens e mulheres. É uma forma de controlar sintomas da menopausa e andropausa e melhorar a qualidade de vida no geral. Então, em quais momentos são utilizados os hormônios como tratamento? Quais os efeitos da aplicação da terapia hormonal no corpo? 

Vamos entender melhor sobre esse assunto no artigo de hoje. Acompanhe com a gente e entenda mais sobre esse tipo de tratamento médico:

Para começar: o que é a terapia hormonal?

Antes de mais nada, vamos definir o que é a terapia hormonal. A terapia de reposição hormonal ou apenas terapia hormonal (TH) é um tratamento utilizado quando o corpo não produz ou para de produzir a quantidade necessária de hormônios (seja masculino ou feminino). 

Os hormônios afetam mais do que apenas as nossas características físicas e sexuais. Eles têm importante papel na manutenção da boa saúde dos nossos ossos e muito mais. Portanto, quando o nosso corpo não produz naturalmente a quantidade certa de hormônios, pode-se recomendar a terapia hormonal.

Existe ainda a hormonioterapia (ou bloqueio hormonal), que também é uma forma de terapia hormonal adotada em alguns casos de câncer (como o câncer de próstata, por exemplo).

Tratamentos com testosterona

Os homens podem se beneficiar da terapia hormonal com testosterona, recomendada como tratamento para uma série de problemas proporcionados pela baixa testosterona. Dentre eles podemos citar a falta de libido, cansaço, fraqueza, até falta de pelos e voz fina. E vale explicar que a terapia hormonal só está indicada nesses casos quando o sintoma está presente, mas também se existir comprovação no exame de sangue de que a testosterona está em valor baixo. Assim, se o hormônio já estiver na faixa de normalidade, a terapia hormonal não é indicada.

Ela também é indicada para homens trans como terapia de afirmação de gênero.

É importante que, independente do caso, seja feito o acompanhamento médico durante a terapia hormonal. Isso porque existem alguns riscos, caso ela seja feita sem indicação médica e sem acompanhamento de rotina.

Tudo sobre testosterona baixa [Omenscast #8]

No oitavo episódio do Omenscast, o médico urologista João Brunhara abordará um problema bastante comum que é a testosterona baixa. Ele apresentará as possíveis causas, tratamentos e falará sobre alguns mitos e verdades em torno do assunto. A transcrição do áudio você poderá encontrar aqui.

Baixa testosterona no corpo: quais os sintomas?

Os níveis baixos de testosterona pode provocar alguns sintomas em indivídos do sexo masculino e é a principal motivação para a terapia hormonal masculina. Como se trata do principal hormônio no homem, pode haver problemas de saúde e, além disso, afetar a vida sexual.

Dentre os principais sintomas de testosterona baixa podemos citar, por exemplo:

• insônia;
• diminuição na qualidade da ereção;
• disfunção erétil (impotência);
• diminuição da libido;
• facilidade em ganhar peso;
• diminuição da massa muscular;
• fraqueza;
• irritabilidade;
• depressão;
• infertilidade;
• aumento do risco de osteoporose.

É uma lista bastante extensa! Exatamente por isso que a terapia hormonal pode ser importante para melhorar a qualidade de vida dos homens que sofrem com níveis baixos de testosterona.

Motivos que podem causar baixos níveis de testosterona

Existem diversas condições que podem causar baixos níveis de hormônios no homem. Os mais comuns são efeitos de medicamentos, obesidade, estresse, AIDS ou tumores que atingem a próstata ou a hipófise. Além disso, podem existir causas mais naturais, com a “andropausa”, que é uma diminuição nos níveis de testosterona que pode acontecer com o tempo.

Andropausa

A andropausa ou Distúrbio Androgênico do Envelhecimento Masculino (DAEM) é uma condição que acontece com homens mais velhos, a partir dos 40 anos. Ela consiste na diminuição de testosterona no sangue associada a sintomas que afetem a vida diária ou sexual do paciente. 

É importante lembrar que apenas uma redução nos níveis de testosterona não é o suficiente para caracterizar a andropausa. Os sintomas que afetam a vida do homem precisam estar presentes. 

Em casos diagnosticados da andropausa em que o paciente não tenha câncer de próstata, a terapia hormonal é a principal escolha e reduz os sintomas que citamos anteriormente. 

Reposição hormonal causa câncer de próstata?

A reposição hormonal não causa câncer de próstata, mas pode piorar um quadro já existente. É por isso que é fundamental consultar um médico urologista antes de iniciar qualquer tipo de hormonização. Assim, caso o câncer de próstata já esteja em processo, será possível tratar a questão e não piorá-la.

Terapia de reposição hormonal na menopausa

Durante a menopausa, utiliza-se muito a terapia hormonal feminina para aliviar sintomas como fogachos (ondas de calor), mudanças de humor e ressecamento vaginal. Além disso, ela pode ser indicada para prevenir a osteoporose. Isso porque os níveis hormonais femininos ficam mais baixos naturalmente.

A terapia hormonal na menopausa é feita com combinações de progesterona e estrogênio ou somente com progesterona. O tipo de hormônio e seu tempo de uso precisam ser determinados por um médico que observará como a paciente vai reagir ao tratamento.

Hormonioterapia no câncer

Como citamos anteriormente, também se utiliza a terapia com hormônios para tratar alguns tipos de câncer. Por exemplo, a próstata, as mamas e o endométrio são órgãos que precisam dos hormônios para realizarem suas funções. Os tumores que se instalam nesses locais utilizam a testosterona ou a progesterona/estrogênio para crescerem e se desenvolverem. 

Então, não é incomum indicar a hormonioterapia para o tratamento de alguns desses tumores. Nesse tipo de atuação, são introduzidos bloqueadores de hormônios ou hormônios que têm efeito contrário para reduzir o que atua como facilitador do câncer. No caso do câncer de próstata, por exemplo, indica-se o bloqueio da testosterona para redução do tumor.

Geralmente, a hormonioterapia é utilizada juntamente com outros tipos de ações para erradicar o câncer (cirurgia, quimioterapia, etc). Ela age em todo o corpo, por isso sua utilização precisa ser discutida com o médico oncologista que acompanha o caso.

Envelhecimento do homem e Andropausa: o que é isso? [Vídeo]

Envelhecer é um processo que sempre deixa as pessoas apreensivas. E quanto à saúde sexual, então? Com as mulheres fala-se em menopausa, com os homens muito se fala em andropausa, mas isso existe mesmo? O que é e quais os sintomas da andropausa? Ela pode causar baixa libido, falta de testosterona ou problemas de ereção, mas como evitá-la e envelhecer bem? Venha tirar essas dúvidas sobre testosterona, envelhecimento e a suposta menopausa masculina, a deficiência androgênica do envelhecimento masculino.

Terapia hormonal para transição de gênero

Além disso, citamos também nessa mesma publicação que a terapia hormonal pode ser utilizada por pessoas trans.

Para mulheres trans, a TH é feita com os hormônios femininos, sendo comum a utilização de hormônios estrógenos ou ainda bloqueadores de testosterona. Já para homens trans, a terapia é feita utilizando a testosterona. 

É importante em ambos os casos consultar um médico para uma avaliação geral antes de começar a terapia hormonal. Não só para que os hormônios não piorem uma situação pré-existente, mas também para assegurar que a utilização da testosterona ou do estrogênio está deixando o nível hormonal adequado: nem muito alto, nem muito baixo.

Terapia hormonal trans masculina

A terapia hormonal trans masculina é realizada com a testosterona. Existem muitas opções hoje em dia para o seu uso, desde hormônios injetáveis até mesmo aqueles em gel. Os efeitos são sentidos nos primeiros três a seis meses, dependendo da dose e tipo de testosterona aplicada. É preciso acompanhamento médico trimestral para realização de exames e dosagem da testosterona no corpo, para que ela não ultrapasse o valor ideal. 

Terapia hormonal trans feminina

No caso da terapia hormonal para mulheres trans, utiliza-se o estrogênio para adquirir características femininas. Mais uma vez, existe uma variedade de opções quando se trata de hormônios estrógenos. Para decidir com qual deles você deve começar o tratamento, o ideal é conversar com seu endocrinologista.

Os efeitos surgem de acordo com a paciente e com a dosagem de estrogênio utilizado. O acompanhamento médico multidisciplinar é essencial para evitar que câncer de mama, trombose ou outros tipos de intercorrências ocorram durante a transição hormonal.

Transição hormonal traz riscos?

Apesar de não existirem pesquisas aprofundadas sobre o assunto, podemos dizer que existem sim alguns riscos na TH em geral. Isso quer dizer que também existem riscos para pessoas cis que fazem a utilização de hormônios, ou seja, isso não é exclusivo de pessoas trans!

O fato é que, com o acompanhamento médico rotineiro antes e durante a terapia e com a utilização correta das doses de hormônios, esses riscos diminuem consideravelmente. Portanto, a terapia hormonal para pessoas trans é bastante segura, se feita corretamente.

Para mulheres trans, os principais riscos envolvendo a terapia hormonal incluem, por exemplo:

• câncer de mama;
• trombose;
• trombose venosa profunda;
• embolia pulmonar;
• problemas na função hepática.

Para homens trans, os principais riscos envolvendo a terapia hormonal incluem:

• policitemia (aumento dos glóbulos vermelhos no sangue) e
• aumento do colesterol.

Os principais cuidados preventivos envolvem a osteoporose, o câncer de mama, doenças cardiovasculares (mesmo que as chances sejam baixas) e o câncer de próstata.

Mulheres trans podem ter câncer de próstata por causa dos hormônios?

A terapia hormonal em mulheres trans não causa câncer de próstata. Porém, é necessário fazer o exame de toque preventivo assim mesmo, porque mesmo quando se realiza a cirurgia de afirmação de gênero, a próstata continua lá. E, portanto, ainda existem chances de um câncer acontecer, mesmo que pequenas. 

Conclusão

A terapia hormonal tem várias utilizações, desde ajudar a aliviar sintomas da menopausa, até o tratamento de alguns tipos de cânceres. Mas, mesmo quando utilizada para aumentar níveis de hormônios já presentes ou para a realização de uma transição hormonal, a presença de um acompanhamento médico é essencial. Apenas assim será possível entender se o corpo está preparado para receber ou não a terapia.

Referências

• Sociedade Brasileira de Patologia Clínica; Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia; Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem. Posicionamento conjunto – Medicina Diagnóstica inclusiva: cuidando de pacientes transgênero.
• Revista Eletrônica Acervo Saúde v. 13 n. 1 (2021). Riscos cardiovasculares em transgêneros: revisão da literatura.
• Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia vol. 58 nº 2 (Março de 2014). Terapia de reposição hormonal na menopausa.

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