Paralisia ou síndrome do sono: guia para tratamento

foco na cara de um cachorro preto com os olhos arregalados e paralisados
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Escrito por

Ranieri Soares

Dr. João Arthur Brunhara Alves Barbosa
Revisado por

Dr. João Brunhara

CRMSP 161.642
Última atualização

24 de setembro 2023

Em geral, pensamos que estar dormindo ou acordado são pontos claramente definidos e distintos. No entanto, condições como a paralisia do sono desafiam esses limites fixos.

A síndrome ou paralisia do sono é uma incapacidade temporária de se mover que ocorre logo após o adormecer ou acordar. A pessoa permanece consciente durante os episódios, que com muita frequência envolvem alucinações perturbadoras e uma forte sensação de asfixia.

Esses episódios de síndrome do sono envolvem elementos que atravessam a fronteira entre a vigília e o sono dos sonhos, o que é parte do motivo pelo qual podem dar origem a sintomas altamente angustiantes.

Por isso, nós da Omens preparamos este guia, para responder às principais dúvidas que vocês nos mandaram. Ficou curioso? Leia este artigo até o final e entenda tudo sobre a síndrome do sono.

O que causa paralisia do sono?


A paralisia do sono é bastante comum: pesquisas descobriram que cerca de 40% das pessoas tiveram o problema em algum momento de suas vidas. Segundo a OMS, Organização Mundial de Saúde, pessoas com paralisia do sono normalmente experimentam essa condição pela primeira vez entre as idades de 14 e 17 anos. Ok, mas quais as causas da paralisia do sono?

Embora os mecanismos exatos que conduzem a paralisia do sono ainda não sejam completamente conhecidos, os médicos da área acreditam que ela é causada por um estado misto anormal de sono de vigília e movimento rápido dos olhos (REM). O estágio do sono REM é onde você passa a maior parte do tempo de sono sonhando vividamente. Durante o sono REM, o cérebro bloqueia intencionalmente qualquer forma de movimento (conhecida como atonia muscular) para evitar movimentos perigosos, garantindo, assim, que não representemos os nossos sonhos na vida real.

Acredita-se, portanto, que a paralisia do sono seja causada por uma continuação da atonia muscular induzida pelo REM em nosso estado de vigília. É por isso que a paralisia do sono é frequentemente acompanhada por alucinações semelhantes a sonhos. Durante a paralisia do sono, ambos estamos conscientemente acordados, mas ainda presos ao sono dos sonhos.

Ainda, uma das principais causas da paralisia do sono é justamente a privação do sono, ou falta de sono, que pode ser motivada por uma mudança brusca no horário de dormir ou pelo uso de certos medicamentos. Crianças e adultos de todas as idades podem sofrer desta condição.

Risco maior de desenvolver paralisia

Contudo, certos grupos estão em maior risco do que outros. Os grupos em maior risco incluem, por exemplos, pessoas com:

  • insônia
  • narcolepsia
  • transtornos de ansiedade
  • depressão 
  • transtorno bipolar
  • transtorno de estresse pós-traumático (TEPT)

A paralisia do sono e suas causas usuais incluem:

  • má higiene do sono ou não ter hábitos de sono adequados necessários para um sono de boa qualidade;
  • distúrbios do sono como apneia do sono;

Além disso, ter um horário de sono interrompido também tem sido associado à síndrome do sono – exemplos em que seu horário de sono pode sofrer interrupções envolvem trabalhar em turnos noturnos, passar por fusos horários diferentes, ter personalidade ansiosa, etc.

Em alguns casos, a paralisia do sono parece ocorrer em famílias. No entanto, isso é raro e não há evidências científicas claras de que a condição seja hereditária.

Dormir de costas pode aumentar suas chances de um episódio desses. E a falta de sono também pode aumentar o risco de paralisia do sono.

Paralisia e sono: algumas definições importantes

Tipos de paralisia do sono

A paralisia do sono é, em geral, classificada por sua recorrência/frequência e coocorrência com narcolepsia (um distúrbio neurológico do sono extremamente raro, mas debilitante, que causa incapacidade de regular os ciclos de sono-vigília). Pesquisadores identificaram três tipos de paralisia do sono:

  • isolada: episódios isolados não relacionados a qualquer distúrbio do sono ou problema médico;
  • recorrente: episódios múltiplos e recorrentes, muitas vezes no contexto da narcolepsia;
  • isolada recorrente (PSIR): múltiplos episódios ao longo do tempo que não estão relacionados a qualquer distúrbio do sono ou problema médico, o que pode causar sonolência diurna excessiva devido ao medo de dormir.

Nota: PSIR é extremamente raro, ocorrendo em menos de 0,5% das pessoas saudáveis.

Mas quanto tempo dura a paralisia?

A paralisia do sono pode durar de alguns segundos a poucos minutos, sendo que episódios de duração mais longa são tipicamente desconcertantes e podem até provocar uma resposta de pânico. A paralisia pode ser acompanhada de alucinações bastante vívidas, que a maioria das pessoas atribui a serem partes de sonhos.

Normalmente, quando você acorda, o cérebro reconecta o corpo à consciência, para você poder se mover à vontade. Se você sofre um episódio de paralisia do sono, isso significa essencialmente que sua mente consciente ficou à frente de seu cérebro adormecido.

É verdade que paralisia do sono pode matar?


Até o momento não há relato médico de que a paralisia do sono pode matar. Até porque, para a maioria das pessoas, não se trata de um problema sério. A síndrome é classificada como uma condição benigna e habitualmente não acontece com frequência suficiente para causar problemas de saúde significativos.

Ainda assim, cerca de 10% das pessoas têm episódios mais recorrentes ou incômodos que tornam a paralisia do sono particularmente angustiante. Como resultado, eles podem desenvolver pensamentos negativos sobre ir para a cama, reduzindo o tempo necessário para uma boa noite de sono ou provocando ansiedade na hora de dormir, o que dificulta adormecer. 

A privação do sono pode levar à sonolência excessiva e a inúmeras outras consequências para a saúde geral de uma pessoa.

Sabendo como evitar a paralisia do sono


Como dissemos, para a maioria das pessoas, a paralisia do sono comumente não é considerada um problema médico sério. Os episódios no geral são isolados e classificados como uma condição benigna que não ocorre com frequência suficiente para interferir na qualidade de vida. Entretanto, se você tiver sintomas recorrentes e incômodos, pode ser uma boa ideia conversar com um médico para descartar outros distúrbios do sono, como a narcolepsia.

No geral, há opções limitadas de tratamento baseadas em evidências para a paralisia do sono. Foram propostas intervenções psicológicas e comportamentais, como a terapia cognitivo-comportamental, mas são necessários mais testes para avaliar sua eficácia na prevenção de episódios e redução de sua gravidade. Em geral, fazer o possível para manter a higiene do sono ideal pode ajudar a limitar a probabilidade de sofrer paralisia do sono. Como tais episódios podem ser desencadeados por despertares noturnos durante o sono REM, técnicas para melhorar a consistência e a continuidade do sono podem ajudar.

Tem como sair da paralisia?

Você pode conseguir interromper os episódios de paralisia do sono à medida que eles ocorrem. Fazer isso tentando mover aos poucos suas extremidades, a boca ou o tronco também pode ajudá-lo a gerenciar a situação. Isso ajuda a reduzir o medo e a angústia, além de melhorar a qualidade do sono.

Embora sejam necessárias mais pesquisas para entender melhor as causas dessa condição, uma coisa é clara: uma boa higiene do sono e padrões saudáveis ​​de sono estão associados à melhor qualidade de uma noite bem dormida. 

Tratamentos


Um bom começo para buscar tratamentos para a paralisia do sono é conversar com seu médico sobre seus episódios. O(a) profissional da saúde também poderá verificar se há problemas de sono subjacentes, como narcolepsia ou apneia do sono.

Muitas vezes, a maneira mais eficaz de tratar a paralisia do sono é manter uma boa qualidade do sono. Isso significa encontrar maneiras de melhorar a higiene do sono para que seu quarto e seus hábitos diários incentivem e promovam uma noite de sono saudável.

De acordo com um estudo, as técnicas de prevenção bem-sucedidas incluem:

  • mudar os padrões de sono;
  • ter um horário de sono mais regulado;
  • não mais cochilar e adormecer em uma posição diferente;

O tratamento da paralisia do sono, em geral, limita-se à educação sobre as fases do sono e à atonia que, normalmente, ocorre enquanto as pessoas dormem. Se os episódios persistirem, o especialista em sono pode avaliar uma possível narcolepsia, que está comumente presente em pessoas que sofrem dessa condição.

Você também pode ajudar a melhorar seu sono evitando o uso de álcool excessivo e de drogas recreativas.

Conclusão


Enfim, é difícil dizer como não ter paralisia do sono. Porém a boa notícia é que, embora a questão possa causar angústia, não resulta em morte ou outros problemas graves de saúde. A maior preocupação é o custo mental a longo prazo e o potencial de privação do sono. 

Às vezes, o melhor método é encontrar maneiras de lidar com um episódio, e tudo tem a ver com uma combinação de relaxamento cognitivo e físico. Antes de ir para a cama, faça uma lista de afirmações a si mesmo: que o episódio não vai durar e não vai fazer mal ao seu corpo. Memorizar e praticar isso pode ser útil (separamos aqui algumas dicas de como pegar no sono com mais facilidade e dormir melhor).

Dormir bem nos ajuda a nos sentirmos bem e faz com que nosso corpo e cérebro funcionem adequadamente. Um sono ruim pode ter efeitos negativos em muitas partes do corpo e do cérebro, incluindo aprendizado, memória, humor, sexual, emoções e várias funções.

Vale ressaltar: se você tem sentido algum destes sintomas ou acredita que possa estar passando por isso, é importante marcar uma consulta com um médico especializado: e o atendimento online pode te ajudar!

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