Omenscast #44: Síndrome da dor pélvica crônica

Omenscast, o minicast da sua saúde sexual: hoje o assunto é dor pélvica crônica
BLOG OMENS / Sexualidade
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Escrito por

Caio Vega

Dr. João Arthur Brunhara Alves Barbosa
Revisado por

Dr. João Brunhara

CRMSP 161.642
Última atualização

1 de novembro 2022

No nosso 44º episódio do Omenscast, o médico urologista João Brunhara vai explicar tudo sobre a síndrome da dor pélvica crônica em homens, seus principais tratamentos e como identificar corretamente os sintomas.

Seja bem-vindo ao blog da Omens e fique à vontade para ouvir o nosso podcast! A transcrição do áudio também está logo abaixo.

Não sei se já aconteceu com você, mas alguns homens de vez em quando têm alguns sintomas incômodos e aparentemente sem explicação. Dor na pelve, ardência para urinar, dor na hora da ereção ou da ejaculação… E depois de muitos exames com resultados normais, ficam sem entender qual é o problema.

Bom, uma das possibilidades é que seja a síndrome da dor pélvica crônica em homens. Mas no que consiste essa síndrome? Qual exame detecta dor pélvica crônica? Como diagnosticar a dor pélvica crônica? E qual o melhor remédio para o problema? Vamos falar sobre tudo isso e tirar todas as suas dúvidas.

Ah, e só um aviso: aqui vamos falar sobre a síndrome da dor pélvica crônica em homens. Se você estiver procurando informações sobre a síndrome da dor pélvica crônica feminina, algumas das explicações que vamos dar aqui não vão se aplicar ao seu caso.

Eu sou João Brunhara, médico urologista, e esse é o Omenscast: o podcast da Omens sobre saúde sexual masculina.

Sintomas

Quem já teve os sintomas da síndrome da dor pélvica masculina crônica sabe quanto eles são chatos: uma dor na região do períneo, entre os testículos e o ânus, que pode ser constante, ou ficar indo e voltando sem explicação.

Além disso, muitos homens ficam com vontade constante e urgência para urinar. Mas quando chegam ao banheiro não sai quase nada de urina, além de muitas vezes sentirem uma ardência quando tentam urinar. Outros sintomas possíveis são: dores nos testículos, dores durante a ereção ou na hora da ejaculação.

Alguns desses sintomas simulam uma infecção urinária, por isso é comum se pedir exames de urina e um ultrassom do trato urinário e da próstata; e às vezes também um ultrassom dos testículos para investigação. Outro exame pedido de rotina nessas situações é o PSA, que é um exame de sangue que se altera em doenças da próstata, por exemplo, a prostatite bacteriana aguda.

Diagnóstico

Acontece que no caso da síndrome da dor pélvica crônica dos homens, esses exames vêm todos normais, ou seja, sem infecção na urina, sem prostatite aguda, sem crescimento da próstata ou dificuldade de esvaziamento da bexiga e sem cálculos ou lesões dos órgãos urinários. E justamente por só ter resultados de exames normais, muitos médicos e pacientes ficam sem uma explicação nessas situações.

É nesse momento que devemos considerar o diagnóstico da prostatite não bacteriana crônica / síndrome da dor pélvica crônica. Por sinal, essa denominação de prostatite não bacteriana crônica tem sido cada vez menos usada, apesar de referir a essa mesma condição de dor pélvica crônica.

Estamos falando de uma doença em que os sintomas simulam uma prostatite aguda, mas quando você analisa a próstata, ela não está com infecção. Nesses casos, por muito tempo se presumiu que a próstata estava sofrendo uma inflamação sem bactérias. Mas na realidade, muitas vezes não existe uma inflamação da próstata propriamente dita. E, por isso o termo prostatite crônica não bacteriana tem sido cada vez menos usado.

Quando existe uma infecção crônica da próstata, chamada de prostatite bacteriana crônica, estamos falando de uma outra doença, e com um tratamento diferente, à base de antibióticos.

Causas

Na verdade, na maioria das vezes, a origem da dor na síndrome da dor pélvica crônica está nos músculos pélvicos. Em alguns casos, os sintomas podem ter tido como gatilho uma infecção urinária ou prostatite aguda ocorrida no passado e já resolvida, mas que deixou sintomas residuais. Em outros, o único fator causador pode ser estresse ou ansiedade.

De qualquer forma, a contração excessiva dos músculos pélvicos, sejam os músculos da bexiga, seja apenas a musculatura da região, causa dores por conta da tensão muscular excessiva ou até por lesões nesses músculos. É só você pensar, por exemplo, em quando está com dor na parte de trás da cabeça ou dor nas costas. Isso porque a contração muscular involuntária excessiva provoca esses tipos de dores. E é o mesmo princípio de ter dor quando você teve uma câimbra ou exagerou na musculação.

Em especial, quando os sintomas são predominantemente urinários, como ardência e urgência para urinar, pode acontecer um predomínio das contrações involuntárias da bexiga. Nesse caso, pode-se indicar um exame chamado estudo urodinâmico, que avalia as contrações da bexiga, para auxiliar no diagnóstico de uma outra síndrome correlacionada: a síndrome da bexiga hiperativa.

Porém, tirando essa situação, não existe um exame que detecta dor pélvica crônica. Ou seja, para diagnosticar a dor pélvica crônica, os exames são necessários basicamente para descartar outros diagnósticos, como infecção urinária e prostatite. E o diagnóstico da síndrome da dor pélvica crônica nos homens fica firmado com a exclusão dessas outras doenças.

E, por sinal, algumas pessoas nos perguntam se:

A síndrome do intestino irritável causa dor pélvica?

Em princípio, são duas coisas diferentes. Porém as duas síndromes têm em comum o fato de terem gatilhos como ansiedade e estresse. Além disso, um desbalanço intestinal pode forçar a pessoa a contrair os músculos da região pélvica em excesso e pode acabar causando dor.

Tratamento

E como funciona o tratamento da dor pélvica masculina crônica? Devemos associar classes diferentes de terapêuticas, com uma equipe multidisciplinar, e sempre fazendo um tratamento personalizado com base nos sintomas do paciente.

Por exemplo, quando o principal sintoma é a dor pura e simples, começamos com tratamento com analgesia e anti-inflamatórios.

E qual é o melhor anti-inflamatório para essa dor?

Existem diversas opções equivalentes, e vários são adequados desde que usados com dose e tempo de uso corretos.

Após um ciclo de anti-inflamatórios, se não houver sucesso, podemos associar medicações que atuam na modulação da dor que é transmitida através dos nervos, por exemplo, a amitriptilina e a gabapentina.

Em casos em que o predomínio dos sintomas é no trato urinário, devemos usar medicamentos que relaxam os músculos da bexiga, como os antimuscarínicos, ou que relaxam o colo da bexiga, por exemplo, remédios da classe dos alfa-bloqueadores.

Em paralelo ao tratamento medicamentoso, são úteis mudanças comportamentais, como medidas para redução de estresse, fisioterapia da musculatura pélvica e também a realização de atividade física regularmente. Já em pacientes que vêm sofrendo com muito estresse ou ansiedade, o acompanhamento psicológico pode ser muito útil.

E, por fim, alguns procedimentos podem auxiliar quando essas linhas de tratamento não trazem o resultado esperado.

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