Por que sabemos tão pouco sobre a ejaculação feminina (squirt)? Ainda é um tabu esse assunto?
Na área científica, há muito tempo se debate o tema da ejaculação feminina. No entanto, ainda explicaram pouco sobre essa reação sexual do corpo da mulher. É difícil encontrar estudos e informações sérias na internet, pois o assunto squirt fascina e alimenta discussões acirradas!
O que acontece durante a ejaculação feminina? Todas as mulheres podem ter essa experiência? Por que uma mulher quando tem um orgasmo não necessariamente ejacula?
Primeiro, estudaremos a fisiologia dessa reação sexual do organismo feminino, a fim de explicar melhor o que acontece durante o squirt.
Squirt: um reflexo sexual do corpo feminino
A primeira fase do desejo sexual feminino pode ser vista como um desejo “espontâneo” ou “inato”.
A reação sexual e os humores da mulher são moldados sob a influência de hormônios e dos receptores de estrogênio, progesterona (hormônio esteróide) e androgênio (hormônio masculino).
Início dos pensamentos sexuais
Consideramos que o primeiro ciclo sexual feminino começa com o desenvolvimento de um pensamento ou fantasia sexual. Logo após, outro tipo de desejo, secundário à excitação física, acontece: o desejo reativo.
Embora nem todas tenham a mesma resposta sexual, esse padrão diz respeito à maioria das mulheres, levando em consideração as características fisiológicas delas.
Na verdade, a questão da motivação sexual feminina é muito complexa, porque existir motivação sexual não pressupõe necessariamente a presença ou ausência de desejo.
Quando uma mulher inicia uma relação sexual, ela aumenta sua proximidade emocional. O desejo sexual geralmente começa com estímulos externos (através do olfato, do tato…) ou psicológicos (fantasias, memórias…).
O humor e os hormônios influenciam o desejo e a atividade sexual, seja aumentando os diferentes estímulos, seja os inibindo.
Aumento na atividade do sistema nervoso
Esse aumento da atividade do sistema nervoso permite que o corpo “se prepare” para a atividade sexual. Percebe-se, então:
- Em primeiro lugar, um aumento do fluxo sanguíneo em direção ao tecido erétil do clitóris.
- Em seguida, um ritmo cardíaco acelerado: essa fase da excitação normalmente tem como características a lubrificação vaginal, o fluxo de sangue no clitóris e pequenos lábios e o alargamento dos grandes lábios.
As zonas erógenas estimuladas (lábios menores, clitóris, seios…) e as informações sensoriais genitais são comunicadas ao cérebro através de terminações nervosas. A lubrificação vaginal, aliás, só acontece devido à chegada do fluxo sanguíneo no clitóris, nos lábios genitais e na vagina.
Fase de excitação
Durante essa fase, a vagina muda de forma. A área perineal do diafragma se contrai, fazendo com que a entrada do canal vaginal se estreite, enquanto o diafragma pélvico deixa o fundo do canal mais largo.
Essa fase de excitação, que é a mesma que ocorre nos homens, possui uma duração que irá variar dependendo dos aspectos fisiológicos da pessoa.
A chegada do orgasmo
Geralmente o orgasmo ocorre alguns segundos antes das (dezenas de) contrações musculares bruscas e involuntárias da vagina e dos músculos pélvicos.
Ao contrário dos homens, a estimulação sexual deve ser mantida até o orgasmo; se não, existe o risco da excitação diminuir.
Junto do orgasmo, vem a aceleração da respiração e do ritmo cardíaco. Além disso, é possível repeti-lo em um intervalo de alguns segundos. Quando o orgasmo termina, os músculos pélvicos relaxam e a vasodilatação diminui. Nesse momento, as mulheres descrevem um sentimento de satisfação, bem-estar e euforia.
O contato com os músculos do diafragma pélvico é involuntário e afeta a duração e intensidade do orgasmo. Normalmente o orgasmo feminino se manifesta através de uma sensação de prazer, na maioria das vezes acompanhada de uma lubrificação vaginal que pode durar alguns minutos.
No entanto, a existência de uma ejaculação feminina ainda é motivo de debate.
Squirt: o que é afinal?
Mais do que a natureza do orgasmo, é a manifestação dele que pode mudar de uma mulher para outra.
Definição de ejaculação feminina
No momento do orgasmo, ou quando ele está se aproximando, a mulher libera uma pequena quantidade de líquido que passa despercebido na maioria dos casos. Às vezes, ela libera uma grande quantidade: o chamado squirt.
Características da ejaculação feminina
A ejaculação feminina começa com uma secreção das glândulas de Skene (parauretrais), próximas ao meato urinário. Essa secreção é diferente daquelas da vagina ou da vulva, expelidas pelas glândulas de Bartholin, que são responsáveis pela lubrificação vaginal.
Quando a excitação é muito forte, esse fluido é expelido do corpo como um reflexo. Em relação à sua composição, estudos mostram que o líquido é composto basicamente de urina, mas contém também conteúdo da secreção das glândulas de Skene. Boa parte fluido do squirt é proveniente da bexiga.
Não se trata de incontinência urinária coital, ainda que a ejaculação feminina venha das glândulas parauretrais, da bexiga ou das duas.
A dificuldade das pesquisas
Tem sido difícil identificar a composição da ejaculação feminina. No entanto, os cientistas concordam que sua composição inclui não só urina mas também produtos das glândulas de Skene (como, por exemplo, o PSA feminino).
Um estudo foi realizado com várias mulheres que experienciam o squirt a fim de definir se ele vinha das glândulas parauretrais ou da bexiga. Um cateter foi conectado da uretra até a bexiga delas. Durante o orgasmo induzido pela masturbação, descobriu-se que a maior parte da ejaculação feminina vinha da bexiga, com pouca secreção vindo das glândulas parauretrais.
Todas as mulheres conseguem ejacular?
Tecnicamente, sim. 75% das mulheres expulsam um líquido durante o orgasmo, mesmo que na maioria das vezes ele passe despercebido.
Em outros casos, esse líquido pode estar presente em grande quantidade e até mesmo jorrar durante o orgasmo, várias vezes seguidas. Muitas vezes a mulher, quando descobre essa sensação, não a entende. Assim, ela tem a impressão de que vai urinar e, portanto, tenta segurar.
Essa ejaculação pode tomar a forma de um “vazamento” lento ou de um jato mais forte.
Motivo de vergonha para algumas mulheres?
Uma mulher pode se sentir desconfortável com a chegada de uma ejaculação em quantidade, principalmente porque ela não está acostumada, mas também por ser comparável a uma ejaculação masculina.
Ela pode se sentir envergonhada por estar demonstrando seu prazer ao(à) parceiro(a) dessa maneira.
Na realidade, porém, trata-se de um fenômeno normal que a mulher pode descobrir durante toda sua sexualidade, e normalmente não incomoda em nada.
Conclusões
Todas as mulheres podem ejacular durante o orgasmo, só que isso simplesmente não acontece da mesma forma para todas e depende de fatores fisiológicos e psicológicos.
Isso não significa que uma situação seja mais normal do que outra! A quantidade de líquido durante a ejaculação feminina pode ser baixa ou alta, que isso não vai afetar o prazer.
Na maioria dos casos, a mulher descobre o squirt no decorrer da sua vida sexual: seja através de um melhor conhecimento de seu corpo e um melhor controle da ejaculação (através de exercícios para fortalecer o assoalho pélvico, por exemplo), seja de forma imprevisível durante a relação ou através da masturbação.
O squirt não é, portanto, uma peculiaridade. Da mesma forma, não ter uma ejaculação em grande quantidade não é de modo algum um problema: é apenas uma resposta diferente do organismo.
Fontes
- PUC Campinas, Revista de Ciências Médicas v. 17, n. 3/6 (2008), Florence Zanchetta Marques, Simone Chedid, Gibrahn Eizerik. Resposta sexual humana.
- Universidade Cândido Mendes – AVM, Andréa Soares Dias, 2018. Antropologia da sexualidade: o orgasmo e sua fisiologia.
- Universidade Cândido Mendes, Glícia Neves da Costa, 2013. Orgasmo feminino: conhecer para ter.
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