Omenscast #45: A cirurgia de Vasectomia

Omenscast, o minicast da sua saúde sexual: hoje o assunto é vasectomia
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Escrito por

Caio Vega

Dr. João Arthur Brunhara Alves Barbosa
Revisado por

Dr. João Brunhara

CRMSP 161.642
Última atualização

19 de dezembro 2022

No nosso 45º episódio do Omenscast, o médico urologista João Brunhara vai apresentar aspectos importantes da tão famosa vasectomia: idade, reversibilidade, segurança, pós-operatório e até alguns mitos sobre a cirurgia.

Seja bem-vindo ao blog da Omens e fique à vontade para ouvir o nosso podcast! A transcrição do áudio também está logo abaixo.

Se você está numa relação heterossexual, sendo homem ou mulher, você em algum momento deve pensar sobre métodos contraceptivos. Muitas vezes essa responsabilidade recai sobre a mulher, por exemplo com as pílulas anticoncepcionais ou com o DIU. Mas também existe uma solução para que o homem seja responsável pela contracepção: a cirurgia de vasectomia.

Então, a vasectomia é segura? Quais são as desvantagens da vasectomia? O que você não pode fazer depois de uma vasectomia? Vamos responder essas dúvidas e outras que você tiver sobre a vasectomia.

Eu sou João Brunhara, médico urologista, e esse é o Omenscast, o podcast da Omens sobre saúde sexual masculina.

Primeiro de tudo, temos que rever a ideia de que, numa relação heterossexual, a responsabilidade pela contracepção é da mulher. Seja tomando pílula, usando um DIU, ou mesmo cobrando o uso do preservativo, muitas vezes a dinâmica do casal considera que a contracepção é quase uma responsabilidade implícita da mulher. E não é.

Tanto o homem quanto a mulher devem se engajar em aplicar uma estratégia para evitar uma gravidez, quando assim desejam. Lembrando que, por exemplo, as pílulas anticoncepcionais, muito usadas por mulheres, podem causar diversos efeitos colaterais, desde retenção de líquidos a trombose venosa, passando por outros, como redução de libido

Por enquanto, os projetos de medicações ou procedimentos não invasivos para servir como contraceptivos masculinos estão apenas em testes. Sendo assim, a única solução comprovada para contracepção masculina é a cirurgia de vasectomia.

Por que alguns homens se recusam a fazer a vasectomia?

Bom, primeiro, por ser um procedimento cirúrgico, ela só deve ser realizada quando a decisão está madura e bem esclarecida. Mas, além disso, alguns homens têm medo da cirurgia, do pós-operatório ou de possíveis consequências sobre sua “virilidade” e sexualidade. Sobre essa parte, vamos esclarecer alguns mitos para ajudar os homens a tomarem essa decisão de forma segura:

1. Como funciona a vasectomia?

A cirurgia consiste em retirar um pedaço de cada um dos dutos deferentes, que são os canais que transportam os espermatozoides desde o testículo até o pênis. Com isso, esses canais ficam bloqueados, e os espermatozoides não conseguem chegar no líquido da ejaculação.

Temos um duto deferente de cada lado, ou seja, um para cada testículo. O corte da cirurgia é feito na bolsa testicular, para permitir o acesso aos dutos deferentes. Alguns cirurgiões fazem apenas um corte e acessam os deferentes por ele; ou podem ser feitos 2 cortes, um de cada lado. Esses cortes são bem pequenos, normalmente com menos de 2 centímetros, ou seja, a cicatriz da vasectomia fica bem discreta. Depois de retirar um pedaço dos deferentes, o urologista dá pontos para fechar esse canal.

A cirurgia dura aproximadamente 30 minutos, e o paciente vai para casa no mesmo dia, inclusive podendo voltar ao trabalho em poucos dias. Existem pessoas que preferem fazer o procedimento no hospital, com uma leve sedação e anestesia local, enquanto outras pessoas preferem fazer apenas com anestesia local, numa sala de procedimentos fora de ambiente hospitalar.

2. Quem pode fazer a vasectomia?

A lei brasileira prevê que homens de qualquer idade com 2 filhos vivos podem fazer o procedimento, ou qualquer homem, mesmo que não tenha filhos, mas que esteja acima da idade mínima. Esse mínimo de idade para vasectomia foi recentemente alterado, por uma lei em 2022. A idade mínima era de 25 anos, mas passa a ser de 21 anos em março de 2023.

Agora falando um pouco sobre o:

Pós-operatório

Três meses após a cirurgia, é necessário fazer um exame do esperma, chamado de espermograma, para confirmar se ocorreu o sucesso da cirurgia. Até essa confirmação acontecer, é necessário manter outros métodos contraceptivos como camisinha ou pílula anticoncepcional. 

E, para quem se preocupa se quem faz vasectomia ejacula menos, pode ficar bem tranquilo, pois o volume de ejaculação não se altera. Isso porque o único componente que deixa de chegar no líquido espermático são os espermatozoides, ou seja, as células reprodutivas, que correspondem a menos de 1% do volume ejaculado. A maior parte do volume do esperma corresponde ao líquido produzido pelas vesículas seminais, e esse continua chegando na ejaculação normalmente.

Aliás, por sinal, a vasectomia não altera testosterona, libido ou ereção!

Tem outras pessoas que se preocupam se a vasectomia pode reverter sozinha depois de anos. Teoricamente essa chance é inferior a 1%, e se for ocorrer, tende a ser nos primeiros 2 anos. Chamamos esse fenômeno de recanalização. Uma forma de garantir é fazer, além do espermograma de 3 meses, um novo espermograma depois de 1 e 2 anos para se certificar de que não há nenhuma mudança.

Reversão

Já para quem quer saber se a vasectomia é reversível cirurgicamente, a resposta é sim: existe uma cirurgia para reversão de vasectomia. Porém a cirurgia de reversão de vasectomia é muito mais delicada e complexa do que a vasectomia. Afinal de contas, trata-se de reconstruir um canal que foi cortado. Essa reconstrução é feita com um microscópio cirúrgico e fios mais finos do que um fio de cabelo.

A reversão de vasectomia não é coberta pelo SUS nem pelos convênios e, além disso, as taxas de sucesso são variáveis. Quanto mais tempo decorre da vasectomia, menor a chance de sucesso. Quando é feita dentro dos primeiros 3 anos, a reversão de vasectomia tem taxas de sucesso no sentido de identificar espermatozoides novamente no esperma acima de 90%, porém a chance de efetivamente ocorrer uma gravidez é de aproximadamente 70%.

Portanto, a vasectomia é reversível, assim como a laqueadura é reversível, porém ambas são sujeitas a incertezas e inconvenientes. Por isso mesmo, qualquer procedimento de esterilização, seja a vasectomia no homem ou a laqueadura na mulher, só devem ser feitos quando a pessoa tem certeza sobre sua decisão.

Se você estiver pensando em fazer uma vasectomia para ajudar no controle de contracepção do casal, procure um urologista, se aconselhe sobre suas dúvidas e tome a decisão que for mais adequada para o casal.

E, se você tiver dúvidas ou comentários, continue essa conversa nos nossos canais no Youtube, Instagram, Facebook, TikTok, ou no blog. Te vejo lá!

Faça os exames necessários e inicie o processo da vasectomia

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