Omenscast #72: Câncer de rim

BLOG OMENS / Saúde geral
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Escrito por

Caio Vega

Dr. João Arthur Brunhara Alves Barbosa
Revisado por

Dr. João Brunhara

CRMSP 161.642
Última atualização

12 de dezembro 2023

No episódio de Omenscast de hoje, o médico e urologista João Brunhara vai te explicar tudo sobre o câncer de rim, incluindo diagnóstico e tratamento.

Seja bem-vindo ao blog da Omens e fique à vontade para ouvir o nosso podcast! A transcrição do áudio também está logo abaixo.

Talvez você não ouça falar muito sobre câncer de rim, mas a verdade é que 12 mil pessoas por ano no Brasil recebem esse diagnóstico. E, de fato, é uma doença potencialmente grave, por isso é bom saber algumas informações. Então, um nódulo sólido no rim é câncer? Quais são os sintomas de câncer no rim? E câncer no rim tem cura?

Eu sou João Brunhara, médico urologista, e esse é o Omenscast, o podcast da Omens sobre saúde masculina.

O câncer de rim é mais uma daquelas doenças que nem todo mundo sabe, mas que é tratada pelo urologista. E é por isso que vamos falar sobre ele aqui na área de urologia da Omens.

Fatores de risco

Não é o câncer mais comum que existe, mas também não chega a ser uma doença rara, afinal, 12 mil pessoas recebem esse diagnóstico todo ano no Brasil. O risco de ter câncer de rim ao longo da vida é mais ou menos de 1 para 50 entre homens, e 1 para 80 entre mulheres (sim, os homens têm maior propensão a essa doença). 

Além do sexo, outro fator de risco importante é a idade: o câncer de rim é muito mais comum após os 50 anos de idade.

E também existem as questões ligadas ao estilo de vida e saúde em geral: por exemplo, fumar é o principal fator de risco para câncer de rim. Mas também entram com menor importância a obesidade, pressão alta e uso de hemodiálise. Ou seja, boa parte dos fatores de risco são modificáveis, o que é mais um incentivo para se ter um estilo de vida saudável.

Existem também, é claro, fatores genéticos, como a síndrome de von Hippel Lindau. Nesses casos, obviamente, não podemos modificar nossa genética, mas pessoas com histórico familiar dessa síndrome devem fazer um acompanhamento cuidadoso para pelo menos fazer um diagnóstico precoce caso venham a ter a doença. 

Causas

Você reparou que não estou falando em causas de câncer no rim, mas sim de fatores de risco, porque não chega a ser uma relação direta de causa e efeito, do tipo, como por exemplo se o cigarro causasse diretamente o câncer de rim. Na verdade, são fatores de risco que vão se somando e aumentando a probabilidade da doença aparecer. 

E falando nas causas, existe um mito que preocupa algumas pessoas, se pedra nos rins pode virar câncer. E a resposta é NÃO, porque se trata só de um mito mesmo. Em casos de pedras muito grandes, que ficam por anos obstruindo o rim, é possível até perder a função do rim, causar infecções ou outros problemas, mas não um câncer.

Quais são os sintomas de câncer nos rins?

Aqui, a má notícia é que muitas vezes o câncer de rim cresce por anos sem manifestar sintoma nenhum. Em fases mais tardias, podem acontecer presença de sangue na urina, dor nas costas e perda de peso, mas esses sintomas só tendem a acontecer em casos de câncer no rim avançado. Ou seja, não é uma daquelas doenças em que os primeiros sintomas permitem uma detecção precoce.

Diagnóstico

Por isso mesmo, atualmente muitas vezes o diagnóstico do câncer de rim é feito de forma incidental, quando a pessoa está fazendo um ultrassom ou tomografia de abdome por qualquer outro motivo, e acaba encontrando um nódulo no rim. Esse cenário costuma ser favorável, quando encontramos esse tumor ainda pequeno, em fase inicial.

Até hoje, não existe um consenso sobre exames de rotina a serem feitos para detecção precoce do câncer de rim (por exemplo, diferente do câncer de próstata ou do câncer de mama, que já têm protocolos bem estabelecidos). Com isso, essa decisão acaba ficando a cargo do médico e do paciente individualmente. 

Mas sabemos que pacientes com um risco aumentado (por exemplo fumantes ou ex-fumantes, ou com histórico familiar) e principalmente após os 50 anos de idade, são os que mais se beneficiam de uma vigilância maior. E também sabemos que o ultrassom de abdome é um exame sem irradiação, de baixo custo e eficaz para detectar um tumor renal. Portanto, alguns autores recomendam um ultrassom anual para pacientes de alto risco.

O melhor exame de imagem para definir um tumor de rim é a tomografia com contraste, que pode ser substituída pela ressonância magnética em casos específicos. Um ultrassom de abdome também é capaz de detectar um câncer no rim, mas com menos precisão.

O tipo de imagem que gera suspeita para um câncer no rim é um nódulo sólido. Ou seja, pra quem pergunta se uma massa nos rins é câncer, a resposta é que possivelmente sim. Mas também existem tumores benignos no rim, como o angiomiolipoma, por isso devemos ter cuidado na interpretação das imagens.

Cistos

Já quando a tomografia fala que existe um “cisto” no rim, a chance maior é de que esse cisto seja totalmente benigno. Os cistos são apenas acúmulos de líquido que ficam delimitados por uma cápsula. Aliás, é muito comum ter cistos no rim, sem qualquer implicação de câncer. 

Porém, é verdade que existem também cistos malignos, mas que são bem mais raros. Nesses casos, são cistos irregulares e com áreas sólidas no interior deles. Nessas situações, o laudo da tomografia ou ultrassom costuma alertar para o risco de câncer. Inclusive, existe uma classificação dos cistos com o nome do autor que criou esse critério, chamado Bosniak. Basicamente, cistos com a classificação de Bosniak 1 ou 2 são absolutamente benignos, e são os mais comuns. Já os cistos Bosniak 3 ou 4 levantam alerta para um possível câncer. 

Tratamento

Quando a imagem na tomografia é bastante típica, não é necessária uma biópsia para o diagnóstico. O tratamento já é feito diretamente com cirurgia, que pode ser feita por via aberta, laparoscópica ou robótica.

Normalmente, tumores pequenos permitem uma cirurgia para retirada apenas do tumor com uma certa margem, mas preservando o rim. Essa cirurgia se chama nefrectomia parcial.

Já quando o tumor é muito grande, pode ser necessário retirar o rim por completo, o que chamamos de nefrectomia radical. Em casos de câncer no rim avançado, pode acontecer a extensão do tumor até a veia renal ou mesmo uma veia maior, chamada de veia cava. Nesses casos, pode ser necessária uma cirurgia mais invasiva, inclusive retirando e reconstruindo parte dessa veia.

Já quando existe um câncer no rim com metástase, ou seja, que se espalhou para outras partes do corpo, o tratamento inicial não é com cirurgia. Nesses casos, começamos com quimio ou imunoterapia, que são tratamentos que atuam no corpo todo. Se houver uma boa resposta, eliminando ou reduzindo as metástases, podemos propor uma cirurgia para remoção do rim e até eventualmente a remoção das metástases.

De qualquer maneira, o prognóstico do câncer de rim é bastante favorável e os tratamentos têm boa chance de cura, principalmente quando detectamos a doença antes da presença de metástases.

Se você tiver uma suspeita ou o diagnóstico de um tumor de rim, se consulte com um urologista. Na Omens, nós temos profissionais altamente qualificados na área de uro oncologia.

E, se você tiver mais dúvidas ou comentários, escreve pra gente no Instagram, Facebook, YouTube, TikTok ou no blog. Te vejo lá!

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