Omenscast #54: Desvendando a hipersexualidade

Omenscast, o minicast da sua saúde sexual: hoje o assunto é hipersexualidade
BLOG OMENS / Sexualidade
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Escrito por

Caio Vega

Dr. João Arthur Brunhara Alves Barbosa
Revisado por

Dr. João Brunhara

CRMSP 161.642
Última atualização

23 de março 2024

No episódio de Omenscast de hoje, o médico e urologista João Brunhara vai abordar o mundo complexo da hipersexualidade, explorando seus sintomas, impactos e abordagens terapêuticas.

Seja bem-vindo ao blog da Omens e fique à vontade para ouvir o nosso podcast! A transcrição do áudio também está logo abaixo.

É muito comum atender pessoas ou casais se queixando de que não têm mais vontade de fazer sexo. Mas mais raramente acontece exatamente o contrário: uma vontade excessiva ou até vício em sexo. Geralmente chamamos isso de hipersexualidade. Mas então, o que é hipersexualidade? Existem tratamentos para hipersexualidade? E aliás, sexo vicia?

Eu sou João Brunhara, médico urologista, e esse é o Omenscast, o podcast da Omens sobre saúde masculina.

Bom, obviamente o desejo sexual muda muito de pessoa para pessoa, e também varia de acordo com as fases da vida em que estamos.

Quando a vontade de fazer sexo em excesso pode se tornar um problema? 

Chamamos de hipersexualidade, ou desejo sexual hiperativo, uma situação em que acontece um transtorno, ou seja, um desejo excessivo que atrapalha a vida emocional, afetiva, social ou profissional da pessoa. 

Por exemplo, pense em um casal bem resolvido em que as 2 pessoas gostam de transar todos os dias. Ou então uma pessoa solteira que concilia bem sua rotina de vida profissional e social em equilíbrio, mas que várias vezes na semana busca um parceiro sexual, e está feliz com essa situação. Nesses exemplos, não se tratam de casos de transtorno de hipersexualidade provavelmente, já que estamos falando de pessoas que estão vivendo suas vidas bem, em equilíbrio, e satisfeitas com isso.

Agora pense em uma pessoa que está o tempo todo pensando em sexo. Não consegue focar ou se concentrar nas suas atividades do trabalho porque está com sua atenção tomada em imaginar situações sexuais, procurar parceiros ou consumir pornografia. Essa pessoa evita passar tempo em atividades sociais ou de lazer com amigos ou família porque seu foco está todo no sexo. Mesmo que esteja infeliz com isso ou racionalmente não queira focar tanto assim no sexo, esse impulso é inevitável e incontrolável. Então, num caso assim, estamos falando de alguém com hipersexualidade.

Sintomas

Ou seja, os sintomas da hipersexualidade envolvem sofrimento e comprometimento da funcionalidade. E isso pode acontecer através de relações sexuais, pornografia, masturbação, consumo de serviços de prostituição, enfim, qualquer exercício de atividades sexuais. Não é simplesmente porque a pessoa gosta tanto de sexo que ela vicia nisso, porque estamos falando de uma situação em que ocorre uma alteração do funcionamento da mente mais complexo, que chamamos de psicopatologia

A pessoa que sofre com o transtorno do desejo sexual hiperativo acaba prejudicando sua vida profissional, perde o foco nas atividades diárias e compromete suas relações sociais, tendo que abrir mão de coisas que faria normalmente. E às vezes até se expõe a situações de risco, porque não consegue conter seus impulsos sexuais.

E, mesmo percebendo que está se prejudicando com isso, a pessoa não consegue tomar o controle, e pode ficar cada vez mais isolada e envergonhada com seus atos.

Como você pode perceber, essa é uma situação grave, que traz problemas reais, e não é algo engraçado. E não é necessariamente o caso do amigo da turma que simplesmente toda vez que vai para uma festa quer voltar acompanhado para casa.

Outras situações

Por sinal, existe um filme chamado Shame (2011) que retrata muito bem essa situação com um personagem masculino; e Ninfomaníaca (2013) é um filme que mostra uma personagem feminina com esse distúrbio. Vale a pena procurar.

A hipersexualidade masculina também recebe o nome de satiríase, enquanto a hipersexualidade feminina recebe o nome de ninfomania.

Aqui cabe uma observação sobre as interpretações para esse fenômeno num contexto social. O desejo sexual feminino é muitas vezes recriminado e oprimido pelos padrões de comportamento socialmente impostos às mulheres. Segundo esse padrão ultrapassado, as mulheres deveriam reprimir seus desejos, ser recatadas e só responder aos desejos masculinos. 

Por isso, comentários que tentam taxar de anormal ou hipersexual uma mulher que expressa com segurança e naturalidade seus desejos sexuais são simplesmente machismo, e essa situação não tem nada a ver com hipersexualidade feminina. Por outro lado, é igualmente distorcido tentar normalizar a hipersexualidade masculina como se fosse apenas “”excesso de masculinidade””.

Como posso resolver esse problema? 

E então, o que fazer se meu caso for um problema de hipersexualidade? Ou seja, quais são os tratamentos para hipersexualidade?

É fundamental a avaliação por um ou uma profissional da saúde mental, e nós encorajamos uma consulta com psicólogo nessa situação. Existem diversas linhas diferentes de abordagem, mas muitas delas trabalham em adequar ou adaptar o comportamento do paciente, além de buscar desenvolver um controle maior dos impulsos e também evitar gatilhos ou fatores que podem ser os causadores do problema, como por exemplo ansiedade

Já a avaliação médica e psiquiátrica pode auxiliar a identificar se existe alguma causa de base para o distúrbio, por exemplo, o efeito de alguma medicação, um desbalanço hormonal ou mesmo o uso abusivo de testosterona ou de outros esteróides. Além disso, patologias psiquiátricas específicas podem levar a um comportamento hipersexual confundido com a compulsão sexual, por exemplo, nos casos do transtorno bipolar que estão na fase de mania.

Cabe ainda no escopo do atendimento médico avaliar a pertinência de introduzir uma medicação para reduzir a libido e os pensamentos sexuais. Alguns antidepressivos, por exemplo, podem ter esse efeito. Ainda que seja uma medida paliativa, ela pode ser útil em alguns casos, principalmente visando resultados de uma maior adaptação social já em curto prazo.

O transtorno de hipersexualidade é sério, pode ter causas diferentes, e merece uma avaliação multidisciplinar dedicada. Não deve ser romantizado e nem subestimado, e sim tratado como uma condição de saúde, quando traz prejuízo e sofrimento para a pessoa.

E, se você tiver dúvidas ou comentários, continue essa conversa nos nossos canais no Youtube, Instagram, Facebook, TikTok, ou no blog. Te vejo lá!

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