Como tratar a síndrome de burnout

ovos pintados com carinhas, sendo que um deles tem dois X no lugar dos olhos, simbolizando o esgotamento emocional do burnout
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Marjorie Tieny

Última atualização

4 de fevereiro de 2024

O tratamento da síndrome de burnout procura abordar tanto os aspectos físicos como os emocionais do esgotamento profissional e o próprio ambiente de trabalho, isso pode incluir o uso de antidepressivos e psicoterapia – além de exercícios regulares para controle de sintomas.

Para garantir a recuperação do burnout, inicie a terapia com um psicólogo ao identificar os sintomas, pós-diagnóstico. O tratamento psicológico visa criar estratégias personalizadas para enfrentar o estresse, promovendo autoconhecimento e gestão emocional.

Continue lendo para saber mais sobre o tratamento da síndrome de burnout e descubra as opções disponíveis para lidar com essa condição. Venha com a gente!

O que é burnout?


O Burnout é o resultado do estresse crônico ou tensão física, emocional e psicológica no ambiente de trabalho. E não por coincidência a OMS classificou o burnout como “fenômeno ocupacional” ligado ao estresse crônico no trabalho moderno.

De maneira crucial, o burnout transcende significativamente o desempenho no trabalho. O burnout não se limita ao trabalho, podendo afetar todas as áreas da vida e aumentar riscos médicos.

Indivíduos em situação de burnout crônico apresentam uma probabilidade significativamente maior de desenvolver ansiedade, insônia ou depressão. O estresse contínuo também aumenta o risco de doenças físicas.

Um estudo publicado na National Library of Medicine aborda os danos físicos causados pelo Burnout. Hipertensão, problemas cardíacos, níveis elevados de colesterol e diabetes são apenas algumas das condições associadas ao estresse crônico.

Existe diferença entre Burnout e Estresse?

O burnout e o estresse laboral são conceitos bem distintos, e não é tão difícil diferenciar os dois, embora possam estar interligados. Enquanto o estresse está mais ligado a uma irritabilidade e à ansiedade, o burnout leva a uma completa exaustão emocional. Vamos explorar as diferenças, tanto psicologicamente quanto fisicamente:

Burnout

  • Psicologicamente: O burnout refere-se a um estado de exaustão emocional, despersonalização e diminuição do senso de realização no trabalho. Isso pode levar a sentimentos de apatia e desengajamento profissional.
  • Fisicamente: Os sintomas físicos do burnout podem incluir fadiga persistente, distúrbios do sono, dores musculares e gastrointestinais, entre outros.

Estresse

  • Psicologicamente: O estresse é uma resposta do organismo a demandas ou pressões, podendo resultar em ansiedade, irritabilidade e dificuldades de concentração.
  • Fisicamente: O estresse crônico pode manifestar-se fisicamente através de problemas como hipertensão, dores de cabeça, distúrbios do sono, problemas digestivos e supressão do sistema imunológico.

Embora o estresse laboral possa contribuir para o desenvolvimento do burnout, nem todas as pessoas estressadas desenvolvem esse quadro. O burnout geralmente está associado a condições de trabalho prolongadas e desgastantes.

Para começar: burnout tem cura?


Certamente, a Síndrome de Burnout pode ser tratada com sucesso, contudo é crucial buscar auxílio profissional.

O tratamento para essa condição envolve aconselhamento psicológico ou psiquiátrico, com terapias ou  medicamentos personalizados.

É importante afirmar que burnout não significa falta de esforço; revela desafios no trabalho, requerendo uma abordagem abrangente para prevenção e recuperação. Tirar férias, se ausentar do ambiente de trabalho é apenas uma solução temporária para o burnout. 

Ao retornar, os problemas ainda persistirão, a menos que sejam abordados de maneira eficaz, e o primeiro passo é buscar atendimento psicológico. Lidar com o burnout não é simples. Explorar as causas e suas opções pode aliviar o fardo. Um período de férias pode proporcionar uma pausa e ajudar a analisar o que precisa ser mudado quando você retornar, mas em si não resolverá o problema

As causas mais comuns de estresse no ambiente de trabalho são: horas de trabalho, assédio moral, insegurança no trabalho, falta de apoio, ser vítima de assédio, falta de clareza das funções, falta de independência na gestão do trabalho.

Em relação ao ambiente de trabalho, uma pesquisa abrangente, “The State of Workplace Burnout 2023“, realizada pela Infinite Potential com mais de 2000 trabalhadores de 40 países, revelou que mais de um terço (38%) se sente esgotado, especialmente aqueles que trabalham em casa 80% ou mais do tempo. Isso destaca a necessidade de líderes corajosos para implementar estratégias de prevenção do burnout diante dessa mudança massiva na forma como trabalhamos.

Todos os tratamentos da síndrome de burnout


O impacto evidente na produtividade e até mesmo no tempo de lazer com família de fato causa um sofrimento incalculável, mas, existem formas de lidar com burnout.

As abordagens para tratar a síndrome de burnout podem incluir a interação com indivíduos, equipes e organizações onde essa condição é uma preocupação. Certos tratamentos envolvem a colaboração com grupos de pessoas, como departamentos ou empresas inteiras, concentrando-se em aspectos como gerenciamento de carga de trabalho, trabalho em equipe e apoio entre colegas. Já os tratamentos individuais para burnout incluem geralmente a terapia psicológica.

Tratamento farmacológico

É importante observar que não existe um medicamento específico aprovado para o tratamento exclusivo do burnout. O tratamento medicamentoso pode ser direcionado para tratar sintomas associados ao burnout, como ansiedade, depressão ou insônia.

No caso da ansiedade os medicamentos são usados para tratar os sintomas, como agitação, preocupação excessiva, nervosismo e tensão. Esses medicamentos também podem ser usados para tratar outros distúrbios mentais, como transtorno de pânico, transtorno do estresse pós-traumático (TEPT) e transtorno obsessivo-compulsivo (TOC).

Os medicamentos para ansiedade podem ser divididos em duas classes principais:

  • Ansiolíticos: Os ansiolíticos são os medicamentos mais comumente usados para tratar a ansiedade. Eles atuam para reduzir a atividade cerebral e, consequentemente, os sintomas da ansiedade. Os ansiolíticos mais comuns são os benzodiazepínicos, como o diazepam (Valium), o lorazepam (Ativan) e o alprazolam (Xanax).
  • Antidepressivos: Os antidepressivos também podem ser usados para tratar a ansiedade. Eles atuam para aumentar a serotonina e a noradrenalina. Os antidepressivos mais comumente usados para tratar a ansiedade são os inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS), como a fluoxetina (Prozac), a sertralina (Zoloft) e a paroxetina (Paxil).

Em relação à Insônia e Depressão, também é utilizado benzodiazepínicos e medicamentos inibidores seletivos da recaptação de serotonina. É importante destacar que burnout não possui uma medicação específica, mas é necessário tratar questões psicológicas originadas por ele.

Relação do burnout com outras questões psicológicas

O burnout sozinho é um fator de risco para acarretar outras condições, resultando em graves estados depressivos e episódios de ansiedade. Existem alguns artigos a respeito, entre eles um estudo publicado na revista Frontiers in Psychology que investiga a relação entre o esgotamento, a depressão e a ansiedade.

Os resultados do estudo mostraram que o burnout está significativamente associado à depressão e à ansiedade. Também foi associado a um aumento de 2,5 vezes no risco de depressão e de 2,2 vezes no risco de ansiedade.

Os autores sugerem que o burnout pode levar a outras condições psicológicas por meio de vários mecanismos, incluindo:

  • aumento do estresse laboral e da carga de trabalho;
  • diminuição da capacidade de enfrentamento;
  • alterações nos níveis de neurotransmissores, como cortisol e serotonina.

Os autores concluem que o burnout é um problema de saúde mental importante, que pode ter consequências significativas para a saúde física e mental dos indivíduos.

A psicoterapia

Terapia cognitivo-comportamental (TCC) é um tratamento eficaz para pessoas que estão experimentando burnout. Pode ser fornecida como terapia individual, em grupo ou juntamente com outros tipos de ajuda, como aconselhamento profissional. Também há evidências de que a Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) pode ter potencial de reduzir o burnout. E terapias voltadas para trauma em casos que haja assédios morais ou sexual como EMDR.

Existe tratamento natural?

É complicado abordar um tratamento natural para a síndrome de Burnout. A abordagem mais frequente envolve a psicoterapia, complementada com o uso de medicamentos para crises de ansiedade, depressão e insônia, quando necessário. 

Contudo, a incorporação de determinados hábitos não visa a cura direta do paciente, mas pode contribuir para a diminuição dos sintomas.

Assim, é aconselhável a prática regular de atividades físicas, juntamente com técnicas de relaxamento, que não apenas proporcionam alívio do estresse, mas também auxiliam na recuperação do indivíduo. 

No mais, a adoção de uma dieta saudável representa outra modificação benéfica para o bem-estar da pessoa.

No entanto, o tratamento fisioterapêutico pode ser uma opção, há poucos estudos sobre como a fisioterapia pode auxiliar no tratamento do burnout. Mas existem três estudos incluídos neste tópico que avaliam o efeito de diferentes abordagens fisioterapêuticas na redução dos sintomas do burnout.

  1. Um desses estudos comparou a eficácia de um programa de exercícios aeróbicos com a eficácia de Qigong, uma prática integrativa de meditação e movimento. Os dois grupos apresentaram redução dos sintomas de burnout.
  2. Outro estudo comparou a eficácia de um programa de fisioterapia multimodal com a eficácia de reabilitação cognitivo-comportamental. Os dois grupos apresentaram redução dos sintomas de burnout.
  3. Um terceiro estudo avaliou o efeito de um programa de exercícios de fortalecimento associado a exercícios aeróbicos. Este estudo mostrou que o programa foi eficaz na redução dos sintomas de burnout.

Os resultados deste estudo sugerem que a fisioterapia pode ser uma abordagem eficaz no tratamento de burnout. No entanto, são necessários mais estudos para avaliar a eficácia de diferentes abordagens fisioterapêuticas, bem como para identificar as características dos pacientes que mais se beneficiam deste tipo de tratamento.

Conclusão


Tratar a síndrome de burnout demanda uma abordagem abrangente, visando tanto os aspectos físicos quanto emocionais do esgotamento profissional. A intervenção psicológica, especialmente por meio da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), emerge como uma ferramenta eficaz na redução dos sintomas, contemplando a exaustão emocional, distanciamento mental do trabalho e eficácia pessoal reduzida. A prática de atividades físicas, técnicas de relaxamento e a adoção de uma dieta saudável são recomendadas como complementos, contribuindo para a diminuição dos sintomas e a promoção do bem-estar. Embora o tratamento medicamentoso não seja direcionado à síndrome em si, pode ser utilizado para lidar com problemas associados, como a depressão. É crucial buscar ajuda profissional ao identificar os primeiros sinais, visando uma abordagem preventiva e a recuperação efetiva.

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